O Mistério dos Sauden

 Capítulo I

            Em um lugar distante da cidade Chenow, existia uma família misteriosa. Composta por cinco pessoas, Marta, Fred, John, Lucas e Lary, a família Sauden não se misturava com ninguém. A sua fama era de ser sombria e assustadora.
            Uma vez por semana, Fred, o irmão mais velho, ia ao centro fazer compras. O vilarejo onde moravam era distante. Não havia comércio por ali. Um dos Saudens era obrigado a sair para comprar a comida da família.
           Fred Sauden era barbudo e tinha um cheiro esquisito.Uma mistura de gim com urina. Todos os moradores da cidade realmente tinham nojo desta criatura .Mas ele não estava nem aí,apesar de nunca encarar um se quer cidadão.Apenas uma menina ele olhava com atenção, a Mariane, filha do delegado James Polish.
          Como a cidade era pequena, todos se conheciam. Não adiantava disfarçar. O passado de cada um já estava memorizado na cabeça de todos os habitantes, e a fama de Fred não era boa. Dez anos atrás, dizem os fofoqueiros da cidade que, o Barba, como Fred era chamado, havia estuprado uma menina e a matado. Nunca foi provado, mas Mariane acreditava e morria de medo quando o via.
         Certo dia, Mari, apelido dado pelo seu pai, andando pela estreita calçada com seu cachorro, avistou Fred. Imediatamente correu para dentro de casa, trancou a porta e a rezar começou. Pela janela ela ainda o via. Ele com sua cara assustadora a observava friamente.Por alguns segundos Mariane fixou nele seus grandes olhos azuis e logo a cortina fechou.

Capitulo II

       No dia seguinte, o sol acordou Mariane e ela logo da cama saltou. Primeira coisa que fez foi ir até a janela, abrir a cortina e espiar. Ela ainda temia a presença do Barba. Mas ninguém estava lá. Foi até o banheiro escovar seus dentes, tomar um banho e passar aquele creme para sua pele continuar lisa como uma seda. Ao descer as escadas notou um envelope perto do batente da porta. Ela estranhou,pois aos domingos nunca havia nada por lá.Indo para a cozinha, ela foi analisando aquela correspondência. Ao sentar-se para tomar o café, viu o seu nome. Imediatamente começou abri-la. O cheiro que vinha de dentro da carta era familiar , mas até então não conseguiu identificar. Então em voz baixa começou a ler para si mesma:

Querida Mariane, você me alucina.Toda vez em que te vejo me perco em seus olhos.
Não consigo mais viver sem você.Fique comigo. Te dou tudo.
Não sei se devo falar quem eu sou, acho que ainda não é o momento.
Acredito que você não entenderia
Te amo.
Ass:Anônimo.

      Por ela ser filha do delegado, os garotos tinham medo de conversar com ela. O pai era muito ciumento e sempre dizia em alto e bom tom que ,se alguém tentasse algo com sua filha,já podia se considerar um homem morto.

      Assustada, começou a listar os possíveis admiradores:

• Lene – Filho do banqueiro da cidade
• Sid - Perdeu sua mulher em um acidente de carro a 6 anos
• Tas – Don Juan da cidade. Dava em cima de todas as garotas.

      Nesse mesmo dia , porém à noite, Sid a encontrou na sorveteria e foi diretamente com ela falar. Demonstrou interesse e jogou seu charme. Seus cabelos brancos passavam uma tranqüilidade para qualquer mulher, inclusive às casadas. Neste exato momento o delegado James adentrou ao espaço e viu o viúvo com sua filha. Não pensou duas vezes e para longe o empurrou. Todos que estavam no estabelecimento se calaram. Sid levantou e saiu revoltado de cabeça baixa.
Capitulo III

      Depois daquela situação, Sid foi ao bar mais próximo. Uma espelunca onde só se encontravam os mais bêbados da cidade. Por lá gastou umas duas horas bebendo e jurando matar o delegado.
      Já embriagado saiu pelas ruas desertas de Chenow. Nelas não havia mais nenhuma alma penada,porém, em uma viela, encontrou o carpinteiro Klaus, um homem de meia idade que nunca se misturou com nenhum cidadão daquela cidade. Era tranqüilo e na dele.
      Quando Sid o avistou lembrou de um fato marcante ocorrido por lá.Klaus foi apaixonado por Mariane. Sempre se viam às escondidas. Mas o delegado ao descobrir, fez com que este romance durasse pouco tempo. James mandou matá-lo, mas não teve sucesso. Klaus conseguiu fugir e voltou apenas nove anos depois jurando vingança. James e o carpinteiro desde então nunca mais se falaram.
      Sid não pensou duas vezes e contou o que havia ocorrido na sorveteria. Imediatamente Klaus relembrou o seu passado e jurou o velho James de morte. No mesmo instante, juntos, um com uma foice e outro com um facão, foram à sorveteria para ver se o encontravam por lá.

Capítulo IV

      O trajeto era grande. O tempo estimado era de 40 a 55 minutos a pé. Carros, apenas para os ricos.
      Ao chegar na sorveteria, já era tarde. O velho James já havia saído em seu conversível segundo a menina do caixa. Para não perder a viagem, Sid e Klaus tomaram dois sorvetes de pistache e foram embora.
      No outro dia pela manhã, a cidade parecia mais calma que o habitual. Poucas pessoas na rua. Algo realmente era estranho por lá. Porém, a praça do jacaré, estava completamente lotada. O motivo: uma apresentação de um circo da região. Muitos eram os palhaços, animais e malabaristas. O espetáculo estava super animado.
      Quando tudo parecia tranquilo, Klaus apareceu. Todas as pessoas presentes ficaram embasbacadas. O Carpinteiro parecia cansado e demonstrava uma feição misturada de raiva com angústia. Era notável que algo estava prestes a fazer. Porém, ao avistar Mariane, seu semblante mudou; já ela, por sua vez, ficou estática sem saber o que fazer. Mari realmente o amou.
       No mesmo instante Klaus desapareceu. Desesperada, aquela garotinha de grandes olhos azuis atrás dele foi e perguntou a todos se tinham o visto. Segundo os faxineiros do evento, o Carpinteiro estava atrás do delegado, nada mais perguntava, apenas pelo velho James. Mari não aguentou mais nenhum minuto na praça e voltou para sua casa. Ao chegar, viu um rapazinho franzino e desconhecido sentado no degrau de sua porta. Ele tinha um recado para dar de seu único e verdadeiro amor.

Capítulo V

     Mariane extremeceu. Ela, ao ouvir aquele recado desabou. O rapaz aparentemente inocente virou-se e seguiu o seu caminho. Dez minutos depois, coincidentemente, Tati sua melhor amiga , apareceu em sua casa. Ao vê-la chorando encostada na jabuticabeira foi verificar o ocorrido.Mariane em estado de choque apenas falou três palavras:
    ---Ele vai matar.
    Tati não entendeu.
    Dois dias depois, foi a vez da cidade Chenow extremecer. Em uma tarde comum, a família Sauden surgiu. Todos eles. Isto nunca acontecera antes. Ninguém entendeu o motivo.Geralmente apenas Fred ia à cidade.
  Pouco tempo depois estavam em frente da casa do delegado. Aparentemente não havia ninguém por lá. O Barba de repente arrombou a porta e correu imediatamente para o quarto de Mariane. Parece que ele já sabia o que tinha acontecido. Ao chegar lá, a viu pendurada por uma corda em seu pescoço. Cinco minutos depois subiu a família inteira.
  Neste momento Fred estava sentado na cama estático.Seu olhar seguia uma só direção: o corpo de Mariane que balançava com o vento frio vindo da janela semi-aberta.Todos menos Fred procuraram algum bilhete, porém nada fora encontrado.
   O que aparentava ser muito estranho era o delegado não estar presente naquele momento, e pelo cheiro que o corpo de Mari exalava, a tragédia teria acontecido há mais de um dia.

Capítulo VI

    Marta, mãe e responsável por todos os membros da família, sentiu-se na obrigação de ligar à polícia. Ao avisar o ocorrido e o local, seis viaturas apareceram em três minutos. Perguntas foram feitas. Para os policiais aquela situação era muto estranha. Eles se perguntavam: O que os Sauden estavam fazendo na casa do delegado bem no dia em que Mariane aparentemente se suicidou? Todos foram à delegacia, inclusive Fred. Ao chegar por lá, o delegado apareceu.
  ---Muito estranho...tudo muito estranho”, refletia o cabo jr. Freitas.
   Muitos questionamentos foram feitos pela parte do velho James. Ele parecia bem tranquilo para um pai que perdeu sua filha por suspeita de suicídio.
Num único momento, Fred em um espamo, finalmente abriu a boca e disse: “você matou sua filha seu vagabundo!”.Neste exato momento, James muito irritado pegou sua arma e lhe deu uma coronhada bem servida que o fez desmaiar. A senhora Sauden engoliu o velho James com os olhos e os policiais presentes nenhuma palavra disseram.
  No dia seguinte, o enterro aconteceu. Todos da cidade estavam de preto,incluindo seus admiradores, Lene, Tas e Sid, sua melhor amiga Tati e muitos outros. A família Sauden também por lá estava, porém chegou atrasada e nitidamente ficou afastada. Klaus também estava. Atrás de uma árvore ,camuflado pelo tronco escuro, espiava com seus olhos aparentemente arroxados seu único amor se misturando com as minhocas e a terra.

Capítulo VII

   O enterro fora muito triste. O tempo estava fechado e uma fina garoa se misturava com as lágrimas dos habitantes de Chenow. O caixão de madeira escuro com detalhes dourados descia lentamente pela cova feita há um dia.
   Quando a cerimonia fúnebre terminou, aparentemente , ninguém mais restou...aparentemente. Num banco silencioso Klaus e Fred estavam. Como velhos amigos, começaram a conversar.O Carpinteiro, por um momento, encostou sua cabeça semi-quadrada no ombro suculento de Fred e começou a chorar. Mal sabiam que havia alguém por perto.Tati estava escondida atrás de um grande mausoléu, e chocada espiava tudo.
   Não aguentando mais ver aquela cena no minímo curiosa, os surpreendeu. Sem palavras , Klaus e o fedido Barba tiveram de se explicar.

Capítulo VIII

   Klaus puxou Tati pelo braço e a mandou sentar.Com um certo medo, sem pensar duas vezes,acatou a ordem .Ela não estava suportando o cheiro de Fred. Tudo que queria era ir embora. Estava arrependida de ter aparecido por lá.
   Já estava escurecendo quando o Carpinteiro começou a falar:
---Eu e Fred somos amigos há muito tempo.Nos conhecemos desde pequenos.Na verdade, após a morte de minha mãe, Fred se tornou minha família. Tudo que sei ele sabe também.
Neste exato momento alguns corvos começaram a gritar. O barulho não demorou muito e logo Tati intrigada comentou:
 --- Mas ele também sabe do seu amor incondicional por Mariane? Faz uns cinco anos que ele a persegue constantemente.Mari sempre se queixava e tinha muito receio.
E então ele respondeu:
---Tatiana, como disse anteriormente, Fred sabe tudo da minha vida. Na verdade estas perseguições aconteciam pois eu mesmo pedia para ele as fazer.
   Após dizer isto, olhou orgulhoso para o lado e agradeçeu seu verdadeiro amigo.
Inconformada com que escutava e via, gritou:
---Por quê você foi embora?Por quê a abandonou Klaus?Ela precisava de você.
E olhando para o céu com um semblante apagado disparou:
---O delegado me ameaçou de morte. Disse-me se eu voltasse a vê-la, iria me matar. Na época, fiquei com muito medo e fugi.Hoje vejo que fui um covarde. Me arrependo amargamente de ter a abandonado.
Tatiana não mais suportando o odor de Fred, levantou e disse:
---Klaus, tome esta carta. Mariane a escreveu dois dias antes de toda esta tragédia acontecer. Então virou as costas para os dois e começou a correr em direção da praça iluminada.

Capítulo IX

   No verso do envelope meio aberto e bastante amassado apenas estava escrito: “ Ao meu único e verdadeiro amor”. Klaus o abriu delicadamente e a ler começou:

   “Meu amor,

   Sua reaparição mexeu muito comigo. Desde então não consigo mais parar de pensar em você. As minhas lembranças vieram à tona. Elas me fizeram recordar o quão felizes éramos. Por quê você foi embora? Como te queria.
   Aquele dia na praça eu fiquei confusa. A partir daquele exato momento não mais me reconhecia. Até meu pai estranhava-me e perguntava o motivo. Não respondia...aliás, desde quando você partiu, nunca mais , mesmo às vezes querendo muito, citei seu nome.
   No dia do circo, quando recebi o seu recado, tive muito medo. Você quer matar meu pai para ficar comigo.Não suporto mais este sofrimento.Apesar de às vezes eu odiá-lo, ele é meu pai.

   Klaus, eu fui obrigada a te apagar da minha memória, mas nunca consegui deletá-lo do meu coração.

   Você foi tudo para mim. Por quê apareceu de novo? Por quê não me procurou pessoalmente?

   Estou confusa. Não aguento mais viver assim.

   Espero que me entenda.

   Um beijo de uma pessoa que sempre te amou , que te ama e eternamente irá amá-lo.

   Beijos Mari”

Capitulo X

   Ao ler a carta, Klaus revoltado disse ao amigo:
   ---É agora que eu mato aquele velho desgraçado.Hoje ele irá dormir para sempre”.
   Barba tentou impedi-lo, já que o carpinteiro estava de cabeça muito quente. Conseguiu e os dois foram para a mansão Sauden. Klaus definitivamente estava transtornado.
   Marta, mãe de Fred, percebeu algo estranho e preparou um chá com bolinhos para os dois. Todos comeram e beberam, porém nada foi falado sobre Mariane.
   Depois do café, o carpinteiro e o Barba sentaram-se na mesa de seu bisavô e começaram a planejar algo contra o velho James. Fred , apesar de todas as acusações das quais sofria, era uma pessoa pura. Não queria matá-lo , apenas dar-lhe uma lição muito bem dada. Já Klaus desejava picotá-lo em mil pedaços e jogá-los às piranhas do rio próximo à cidade. De repente, o nome de Sid foi citado. Os dois sabiam da raiva que ele sentia pelo delegado.
   Imediatamente foram à sua casa com um caderno e uma caneta nas mãos.

Capítulo XI

   Já era tarde da noite quando Klaus e Fred chegaram à casa de Sid.Mas logo estranharam. Todos os cômodos estavam com as luzes acesas.Sid,desde a morte de sua mulher, vivia sozinho. Então intrigados, bateram na porta mais do que se bate normalmente. Alguns minutos se passaram e nada. Não aguentando mais aquela situação, o Carpinteiro arrombou a porta e começou a procurar o viúvo solitário. Cinco minutos depois Barba começou a gritar desesperadamente. Sua voz ecoava da cozinha. Ao chegar ao recinto, Klaus assustou. Sid estava sentado, e sua cabeça estava apoiada na mesa do café da manhã. O sangue que dela escorria gerava um contraste com o verde das bananas ainda não maduras.

Capítulo XII

   Abismados com que viam, os amigos disseram ao mesmo tempo: ---Muita coincidência. A garganta de Sid foi cortada, e não fazia muito tempo. Enquanto Klaus buscava evidências no andar de baixo , Barba subia as escadas. A casa estava zoneada. Gavetas abertas, papéis espalhados e roupas por toda parte fizeram com que Fred e o Carpinteiro suspeitassem de um possível assalto. Uma hora se passou e nada relevante foi encontrado. Já exautos, pensaram em chamar a polícia, porém não queriam se identificar. Klaus atravessou a rua e ligou de um orelhão. Feito isso, voltaram para a Mansão Sauden.
   No imundo quarto de Fred, ambos começaram a confabular sobre quem era o responsável por tudo aquilo. Simplesmente pegaram no sono e dormiram.

Capítuo XIII

   No outro dia, Klaus acordou primeiro e foi ao florido jardim da mansão. Por lá ele ficou aproximadamente duas horas, até Fred o chamar.
   Durante aquela manhã pouco se falavam. Estavam muito pensativos para uma conversa qualquer, e ,justamente por isso, Klaus disse impaciente:
   ---Fred, não podemos desistir de nossos planos por causa dessa merda. Não devemos desistir. Foi coincidência. Hoje à noite entraremos na casa do delegado para matá-lo.
   ---Matar? Não, Klaus. Não foi este o combinado.Apenas dariamos um susto, certo?
   ---Ok, ok. Na hora nós decidimos.
   ---Eu estou falando sério Klaus.
   Fred dificilmente discordava. Era submisso.
   Depois daquela breve discussão os dois começaram a planejar o sequestro:
   ---Acho que devemos chegar lá por volta das 00:00. Aconselhou Fred com insegurança.
   ---Não.Você ficou louco de vez? E o segurança? Se ele nos pegar estaremos mortos.
   ---Então que horas sabichão?
   ---Nós temos de entrar por volta das 3:00 horas da madrugada. Provavelmente o segurança estará sonolento e o velho nojento dormindo como um porco.
   Fred não disse nada, apenas balançou a cabeça.
   A tarde, o carpinteiro voltou a sua casa sozinho.Não queria criar supeitas.Tomou um banho e começou os preparativos para a grande noite.
   Fred não sabia, mas pelo Klaus ,o delegado seria executado.

Capítulo IV

   Que noite.O momento mais esperado da vida de Klaus estava chegando.
   O Carpinteiro tocou a campanhinha do casarão dos Sauden.Uma vez não foi suficiente.Após o terceiro toque Fred apareceu com uma sacola em uma das mãos.Ele estava suando e tremendo. Ao vê-lo, Klaus perguntou:
   ---Está pronto?
   Fred não respondeu,engoliu seco e começou a seguir os passos de seu amigo.

Capítulo XV

   A mansão dos Sauden era longe da casa do delegado. A pé era realmente difícil chegar. Por isso, Fred foi até a garagem para pegar sua velha lambreta dada pelo amado avô. Os dois nela subiram, e para o destino final seguiram.
   O céu estava nublado e a lua não dava as caras por nada.Apenas a lanterna amarelada da motocicleta iluminava o caminho obscuro.
   Ao chegar próximo do portão de ferro cor de chumbo, estacionaram a velha lambreta em uma viela e por lá ficaram algum tempo. Neste momento os cães começaram a latir. Eram muitos, no minímo quatro. Klaus e Fred espantados nada diziam, apenas se olhavam.
   Sem mais desculpas, foram para o fundo da casa , escalaram o alto muro e adentraram ao jardim do palácio de velho James. Tudo parecia estar dentro dos conformes, até escutarem algumas vozes.

Capítulo XVI

   Diferentemente do que haviam pensado, na casa do delegado tinha dois guardas, e, ao contrário do que previam, os dois gigantes estavam bem acordados. Rapidamente Klaus e Fred se enconderam atrás do preferido monumento de James – era uma espécie de peixe com sapo gigante.
   Sabendo da gravidade da situação, deram o bote certeiro...30 segundos depois ambos seguranças estavam desmaiados. Prontamente Barba e o Carpinteiro arrastaram os corpos para trás da estatueta.
   A porta dos fundo por incrível que pareça não estava trancada. A única dificuldade era o ambiente escuro e cheio de obstáculos – coleções de pratos, armas e mini aviões. Sorte que Fred tinha levado sua lanterna.
   Silenciosamente e em passos sincronizados subiram as escadas, cruzaram o longo corredor e olhando cômodo por cômodo encontraram o delegado roncando , sem camisa com aquela enorme barriga para cima.Logo Klaus abriu sua sacola e tirou uma tesoura de jardinagem alaranjada.Ela estava suja de terra.. Fred ao olhá-la, assustou e sem querer gritou...o barulho foi suficiente para o velho porco acordar, pegar uma arma debaixo de seu travesseiro e começar a atirar...

Capítulo XVII

   Klaus cai.
   Chocado em ver seu melhor amigo agonizando no tapete branco do quarto, Fred paralisou. O silêncio tomou conta do ambiente e, com a arma apontada para Barba, o Velho James disse:
   --- Fred vá embora antes que eu mate você também.
   O garoto covarde não conseguia se mexer, mas ao mesmo tempo ficou surpreso pela maneira como o delegado lhe chamou.
   Depois de alguns minutos se olhando, James abaixou a arma e foi averiguar se realmente Klaus havia morrido. Dito e feito. O Carpinteiro estava morto. Fred sem pensar saltou a janela alta e fugiu pelo mesmo lugar de onde tinha entrado.
   Quando chegou ao local que sua moto estava, Barba ofegante começou a chorar. Para ele a vida não tinha mais nenhum sentido. Mesmo assim ligou sua moto e voltou para sua casa. Ele precisava desabafar. Agora, sua mãe era a única alternativa.

Capítulo XVIII

   A ficha do garoto somente caiu quando estacionou a lambreta em sua garagem e viu a jaqueta de couro surrada que Klaus usava alguns instantes antes de morrer.
   Ao adentrar na mansão, deparou-se com a velha mãe na sala de estar. A larera estava acesa. Fazia muito frio naquela madrugada. Fred espantado perguntou-lhe:
   ---Mamãe, o que faz acordada até agora?
   ---Eu que te pergunto, seu moleque. Nunca chegou tarde em casa.Vem aqui, deixe-me vê-lo - A senhora Sauden estava com raiva e muito preocupada. Era muito ligada ao filho mais velho.
   Enquanto se aproximava, a luz alaranjada do fogo solitário iluminava seu rosto trêmulo e desamparado.
   ---O que aconteceu meu filho? Por favor, me diga.
   Barba suspirou.
   ---Filho, conte-me agora! Não tente esconder nada de mim.Você sabe o que te acontece.
   ---Klaus está morto mamãe. Klaus está morto.
   Após desabafar, Fred correu para seu quarto e a porta trancou.

Capítulo XIX

   Algum tempo depois a Senhora Sauden seguiu seu filho.
   A porta trancada segurava as fortes palmadas dadas por uma mão já calejada pelo tempo. De nada adiantou. Fred não respondia.
   Ja cansada ela desistiu e voltou para a sala de inverno.
   Algum tempo depois , Fred já mais calmo apareceu na fresta da porta e para sua
   mãe perguntou:
   ---O que queres falar tanto comigo?
   ---Sente meu filho.O momento chegou. O que tenho para dizer-te é um mistério do qual
ninguém sabe, apenas eu , o delegado e Deus.
   Assustado com as breves palavras de sua mãe,Fred sentou e começou a escutá-
la.

Capítulo XX

   ---Fred, há muito tempo atrás conheci o delegado James.Nós nos apaixonamos perdidamente. Éramos dois lindos jovens puros em busca de nossos sonhos. Mas veio o destino e contraveio. James de repente mudou. Foi influênciado pelo pai doente que desejava seu filho como delegado da cidade. Desde esta decisão nunca mais com ele falei. Apenas um único dia.
   ---Mãe, o que tenho a ver com tudo isto? Papai já faleceu há seis anos.
   ---Exatamente meu filho.Seu pai não morreu. Seu pai o Velho delegado porco James.No dia em que nos reencontramos fiquei grávida. Seus irmãos são filhos de seu pai mas você não.
   Sem nehuma palavra Fred levantou, foi ao seu quarto e sua mala arrumou. Sua mãe até tentou impedí-lo mas de nada adiantou.
   Muitos anos se passaram e nunca mais Fred foi visto.
   Aquela cidade nunca mais fora a mesma. O mistério dos Sauden fora revelado. A população tirou o delegado do poder.Ele por sua vez, não aguentou tamanha humilhação e se matou como sua filha, porém com um tiro no peito.

Moral da história

    Aparências enganam. Todos nós somos feitos de fortalezas e fraquezas. Por isso, sempre devemos respeitar um ao outro. A vida é diversidade, a vida é humanidade. Ame o próximo como a si mesmo.


  

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